É Absurdo Julgar

Porque é absurdo julgar nosso semelhante.

O próximo é o nosso “espelho” e “treinador”, mas nós não nos damos conta disso, na nossa inconsciência, de que o nosso semelhante está apenas reflectindo nossos próprios defeitos, nossos próprios egos psicológicos…

Estamos tão identificados com o evento, com as circunstâncias, que nem remotamente nos ocorre reflectir em todas estas questões…e por isso vivemos num estado de fascinação, inconsciência e fantasia psicológica…

Quando caminhamos pela vida, em nossa casa, na rua, no trabalho, onde quer que seja…a própria vida nos brinda com maravilhosas oportunidades…mas teremos de estar despertos, vigilantes, em alerta…para conseguirmos aprender com nossos próprios defeitos e que fazemos projectar sobre o nosso próximo…não devemos deixar-nos levar pelas aparências…não devemos deixar-nos fascinar pelas distintas cenas da vida.

Porque tudo passa, todo é efémero…passam as ideias, as pessoas e as coisas…qualquer cena de nossa vida, por mais forte que seja, passa e fica atrás no tempo…

Há uma tendência no ser humano de julgarmos tudo e todos…saber viver é muito difícil porque vivemos num mundo de aparências, ilusão, e temos a tendência para identificarmo-nos com as aparências…esquecendo-nos do essencial, que é o SER…em nós, dentro de nós, existem factores psicológicos espantosos, que ignoramos e que jamais admitimos ter…detrás dessa Lua Psicológica, detrás de essa cara que à vista desarmada não se vê, existe uma parte oculta…ali temos defeitos que ignoramos…normalmente podemos, eliminar os defeitos dessa Lua Psicológica, os que ressaltam, que à simples vista se vêem…mas quando se tratar de penetrar na parte oculta, escondida...necessitamos de um esforço redobrado…esse esforço o chamamos a “Iniciação de Judas”…e corresponde à Paixão do Senhor…ninguém consegue penetrar nessa zona sem ajuda…é mais fácil julgar e atribuir a culpa aos outros que observar qual a debilidade ou debilidades que nos “empurra” a faze-lo…por isso não é fácil.

“ Não julgueis, para não serdes julgados”

Porque os juízos que nós fazemos, se aplicam a nós, e a medida que usamos, será usada para nós…é a regra do “Pai Nosso”…é necessário compreender que o Divino Mestre Jesus, o Cristo, ao pagar por pura misericórdia o que não devia em justiça, fez da misericórdia sua Lei fundamental…o Pai, tratará com menos misericórdia, todos aqueles que se crêem com direito a exigir do seu próximo uma estrita justiça…Se não somos capazes de julgar o que é justo, como poderemos reconhecer nossos próprios defeitos e tratar de emenda-los?

 Hoje em dia as pessoas dizem: “ Deus é misericórdia e tudo me será perdoado, porque Deus é Amor” É muito cómodo, pois não nos damos conta que “esse misericordioso” só funciona para um lado, pois não se aplica a nosso semelhante…devemos por começar a ser sinceros com nós próprios, reconhecer nossos erros…

Quando criticamos os outros somos débeis…mas se fazemos uma autocrítica de instante a instante, de momento em momento somos uns colossos…o ser humano que sabe viver sem criticar ninguém, não provoca resistências, nem reacções por parte do seu semelhante…vive com êxito, progresso e bom viver…quando estamos cheios de orgulho, vaidade…vamos provocar nos outros ódios, ressentimentos, inimigos, críticas maldosas…se realmente queremos corrigir os outros temos por começar por nós…quando julgamos os outros é porque nos esquecemos de dar primeiro uma olhadela em nossa própria vida…tentamos resolver nossos conflitos dando palpites, críticas, emitimos juízos, damos conselhos, na vida dos outros…apesar de ninguém ter pedido nossa opinião…julgar nosso semelhante é uma invasão da sua privacidade, intimidade…é uma intromissão deliberada na vida de outra pessoa, é indagar, julgar, sem conhecimento de causa e realizar críticas lastimáveis…os ciúmes, a inveja, a cobiça, o ressentimento, são sentimentos que costumam estar muito ligados quando expressamos um julgamento alheio…julgamos a outra pessoa, porque no fundo, desejaríamos estar no seu lugar…os ciúmes causam muito dano e mais ainda quando vão acompanhados de uma calúnia…quando julgamos, esquecemo-nos de valores universais como são: o respeito, a tolerância pelos outros…nos faz falta auto-realizar-nos, aceitar-nos, entendermo-nos e amarmo-nos tal como somos…essa é a base para caminhar pela vida, com simplicidade, humildade e beleza…e se realmente nos preocuparmos, com a nossa família, cônjuge, e filhos…não temos tempo para estar a julgar os outros…todos temos uma tendência a julgar, a “etiquetar “ os outros e sobretudo a pensar que nosso ponto de vista é o correcto…mas só nosso Criador conhece a fundo a responsabilidade de nosso actos…e pode julga-los em verdade…

Fraternalmente
José Reis