Viriato

 

 

Guerra Lusitana

O ano de 140 a.C. foi crucial. O governador da Ulterior, Fábio Serviliano, após saquear várias cidades fiéis a Viriato na Andaluzia, é por ele vencido em Erisane, e por outro lado, Quinto Pompeio falha pela segunda vez a tomada de Numância na frente da Citerior.

 

Face a estes desaires, os romanos são forçados a assinar a paz: Roma fica com a posse das terras hispânicas já conquistadas, mas renuncia à conquista de mais territórios na Península Hispânica. É uma humilhação que o Senado romano é forçado a engolir.

 

Esta situação de paz quase forçada deve ser compreendida como o resultado de uma guerra em larga escala, que teimava em desgastar os exércitos de Roma.

 

Se por um lado havia em Roma uma corrente política pacifista, por outro lado, havia no Senado uma corrente belicista (encabeçada pela família dos Cipiões).

 

Graças aos esforços desta família, Roma tinha invadido e destruído Cartago em 146 a.C., após 4 anos de cerco, transformando o norte de África numa província romana, e para oriente criaram uma nova província no antigo reino da Macedónia.

 

No entanto, a guerra peninsular não trazia os dividendos da guerra na Grécia ou no norte de África. Desde 152 a.C. que Roma tinha uma grande dificuldade em recrutar legionários para as guerras peninsulares, e ao que parece, uma vez na Península, as legiões evitavam propositadamente o contacto com os habitantes locais.

 

A corrente belicista acaba por vencer, e no ano seguinte Roma rompe as tréguas, exigindo a vitória incondicional. Na Ulterior, Quintus Servílio Cipião desencadeia uma ofensiva fulgurante que força Viriato a retirar para norte do Tejo, para junto de Badajoz.

 

As fontes referem que o ataque romano também incluiu um ataque contra os Vetões e os Galaicos. Face ao avanço do general romano, Viriato vê-se obrigado a enviar três emissários para negociar a paz - Audax, Ditalco, e Minuro -, que são aliciados por Cipião com enormes quantidades de ouro para assassinarem o chefe luso.

 

Viriato é assassinado durante a noite na sua própria tenda, por aqueles em quem confiava. No seu regresso ao acampamento romano, os três traidores ouviram da boca do próprio Cipião que "Roma não paga a traidores".

 

Viriato ficou para a História, a par de Espártaco, como um dos poucos que conseguiu pôr Roma de joelhos enquanto travava uma guerra justa pela liberdade do seu próprio povo. E esteve quase a consegui-lo.

 

Após a morte de Viriato, o exército lusitano agora comandado por Tautalo sofre uma última derrota a sul do Tejo, vendo-se obrigado a negociar a paz, fixando-se por este meio alguns lusitanos no sul do actual território português.